sábado, 4 de outubro de 2008

DO MEU DIA DE HOJE

Olá amigos(as), sempre faz bem estar aqui para me comunicar com vocês...
Do hoje, um pouco do meu dia...
A minha cidade natal é Natal. Foi aqui que nasci e vivi quase toda a minha vida. Natal é uma cidade ladeada pelo Rio Potengi e banhada pelo Oceano Atlântico. Suas praias são lindíssimas e aconchegantes. São das suas belezas naturais, o canto e a música forte que ressoa na alma do nosso povo.
Acordei de manhã e após o desjejum, vesti calça e camisa, calcei sandálias e saí de casa sem compromissos a não ser o de ser e me ver como sou, desprovido de tudo menos do meu ser em contato com a vida, o tempo, a natureza, o universo, o infinito...
Num ônibus desloquei-me até ao Bairro das Rocas e numa das barracas de feira comi uma tapioca com café que me foi preparada por Janilene, linda jovem mãe de vinte anos com cara de menina. Conversamos aprofundando elos de amizade. Durante muitos anos eu fora um cliente amigo da sua avó, Senhora mui distinta e trabalhadora, já falecida, Dona Iêda.
Depois, juntou-se a nós a sua prima Eduarda de 15 anos, que pela a sua elevada estatura e desenvolvimento físico parece ter antecipado o tempo da sua formação biológica, combinando escultural beleza do corpo com a da forma expressa no seu rosto.
Conversei ainda com outros feirantes de outras bancas, tomei mais outro café e desloquei-me desta feita a pé com destino a praia do Forte dos Reis Magos, minha praia preferida...
No caminho parei inúmeras vezes para cumprimentar e falar com conhecidos. Um deles foi o Senhor Jarbas, trabalhador especialista em portas de automóveis. Com ele aprendi lições que me passou, advindas do seu viver.
Num Mercadinho acolhedor do bairro dos Santos Reis, três formosos abacates me fizeram comprador...
Na continuação do meu trajeto encontrei uma conhecida comerciante de artesanato que tem uma lojinha na praia para a qual me dirigia. Parei e conversamos... Os assuntos se somaram valiosos pela sua positividade como tijolos que se edificam no trajeto do caminho...
Finalmente cheguei à praia... O deslumbramento da paisagem no olhar se estendia ao infinito... A brisa sonorizava sua passagem e as ondas teciam suas melodias intermináveis.
Desfazendo-me das roupas e sandálias e ficando de calção, coloquei os pés descalços na areia e passei a caminhar, sentindo o bem-estar que me era repassado pela energia telúrica. Entreguei à Joana para guardar, no seu barraco à beira mar, minhas roupas postas numa sacola e, caminhando cheguei à enseada do Forte...
Lavei minha cabeça com as águas do mar, adentrei-me nos lençois de água e depois de fazer o sinal da cruz, comecei a nadar...
Em meio à enseada, na parte mais funda, demorei-me em movimentos circulares em volta ao centro, em exercícios salutares, em mergulhos, em respirar o oxigênio puro, em sentir o ritmo harmonizado e integrado na renovação celular que se processava entre a mente e o corpo pela circulação sanguínea e pelo pulsar da vida, em contemplar o azul do céu e as nuvens brancas que passeavam nas alturas...
Achando-me cheio de vigor natural, terminei a atravessia da enseada e na areia da beira da praia do outro lado, firmei meus pés e caminhei em extensa área de areia molhada em razão da maré baixa. Adiante, subí nos arrecifes que separam o mar profundo do lado da praia seca que ainda ia ser coberto pelas águas e numa parte que as ondas já lavavam as pedras, deitei-me numa saliência rochosa mais elevada e seca, contemplando as águas deslizarem em torrentes dos meus dois lados, e caírem em forma de cascata, formando poços de água salgada na areia... Demorei-me o bastante no sentir a transmutação de serenidade e força, desse momento, no meu ser... Nenhum bem maior criado pela riqueza dos valores amoedados do homem era maior do que esse. Era a vida que se fazia e se mostrava em toda a sua pujança e beleza. Era um espetáculo singelo e incomparável e que sempre se renovava todos os dias...
Com mais algum tempo, todos os arrecifes seriam cobertos com a força e o volume das águas da maré alta e aquela extensão grande de terra molhada seria ocupada pelo mar. Saciado de alma, mente e corpo, desci dos arrecifes e reiniciei a caminhada prazerosa naquele horizonte desértico de areia molhada até chegar à Fortaleza dos Reis Magos.
No Forte demorei-me pouco, palestrei com umas jovens turistas mineiras e um amigo que tem lá um trabalho fixo... E dando-me por satisfeito, despedí-me daquela monumental Fortaleza de arquitetura medieval e caminhando de volta pela beira da praia, cheguei ao barraco de Joana, vestí a minha roupa e tomei o primeiro ônibus, em uma parada próxima, com destino à minha casa.
Dentre outros, esse foi um ótimo dia para mim, pois que é no desprovimento de tudo em meio ao incognoscível e contato com a natureza, o mar, as pessoas simples, verdadeiras, desambiciosas e humildes, que me sinto e consigo me ver e conhecer melhor, como um ponto integrado ao infinito ignorado dos pobres mortais.
Em outras situações formais e sociais nas ordens institucionais da vida urbana criadas pelo homem, mesmo bem posicionado e aclamado, sinto-me encoberto por um véu de ilusão que não deixa me transparecer do que sou nos olhos do meu ser... Dá para você entender...?
Amigo(a), foi bom estar com você. Sinta-se bem comigo como me sinto aqui palestrando com você... Tchau!... Tchau!... Ramezoni